====> Através dos contos populares de RICARDO AZEVEDO os alunos criaram no "paint" as ilustrações...
Um dos contos:
Três moços malvados (versão de um conto popular).
Eram três moços malvados. Gostavam de entrar no mato caçar tudo quanto é bicho. Levavam espingarda de chumbo grosso, espingarda de cartucho e até revolver de dois canos. Ficavam o dia inteiro dando tiro. Matavam arara, papagaio, tucano, bem-te-vi, sanhaço, tiziu, caga-sebo, pintassilgo, joão-de-barro, andorinha, rolinha, sofrê, sabiá, sem-fim e corrupião. Matavam macuco, caburê, curiango, coruja, mutum-de-penacho, pica-pau, saíra, garça, quero-quero, socó, jaburu, irerê e pato-do-mato. E também bicho grande que nem tamanduá, tatu, gambá, bicho preguiça, veado, ouriço, capivara, cotia, paca, preá, ana, macaco, quati, tartaruga e cachoro-do-mato.Os três bandidos caçavam por caçar. Matavam por divertimento. Gostavam de ver quem tinha melhor pontaria, quem acertava num tiro só, quem destruía mais.Um, dia, durante a caçada, escutaram uma voz grossa gritando no fundo do mato:- Olha o laço!Os três estranharam. E a voz grossa:- Olha o laço!Os três pararam para ouvir melhor e a voz grossa só no:- Olha o laço!Os moços acharam graça. Um deles disse:- Vamos procurar o tal do laço pra gente olhar?Os outros acharam ótima ideia. e assim os malvados foram se embrenhando na mata.Andaram, que andaram, que candaram, cada vez mais fundo, cada vez mais longe de tudo. A floresta foi ficando escura e cheia de sombra.Os moços acabaram indo parar numa clareira. Debaixo de um imenso pé de jatobá encontraram três sacos cheios de dinheiro. Festejaram dando tiros para o alto.- A gente agora tá podre de rico!Logo fizeram uma combinação. Enquanto um deles ia até a cidade comprar vinho para comemorar, os outros dois ficariam na clareira tomando conta do tesouro.Um dos moços partiu e os outros dois ficaram.Um dos que ficaram, olhando aquele dinheirão, começou a fazer contas e pensou:- Vou acabar com meu colega. Quando o outro voltar dou cabo dele também. Assim o dinheiro fica todinho para mim.O malvado não pensou duas vezes. Sacou a arma, atirou no companheiro, matou-o e enterrou o corpo ali mesmo. Depois, acendeu um cigarro e ficou esperando sentado debaixo do jatobá.Acontece que o moço que foi à cidade comprar vinho teve uma ideia parecida:- Levo o vinho cheio de veneno. Assim os dois bebem, morrem e eu fico com o dinheiro todo.E fez isso mesmo. Comprou um garrafão de vinho tinto, encheu de veneno de rato e voltou para dentro do mato.Quando chegou à clareira, levou um tiro e morreu na hora.O último moço, o bandido que sobrou, sentou numa pedra para descansar. Olhando os três sacos de dinheiro, esfregou mãos de felicidade.- Agora sim! – disse ele- Fiquei rico. Não vou trabalhar nunca mais. Vou passar o resto da vida comprando coisas, casas, roupas, carros, jóias, fazendas…Dizendo isso, arrancou a rolha do garrafão de vinho e bebeu quase tudo de um gole só.Foi engolir o vinho e cair duro no chão.Assim, o laço do diabo terminou de apertar seu nó.(Ricardo de Azevedo, Armazém do Folclore, Editora Ática- 1ª edição.)
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